terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Educação, Trabalho e Cidadania: a educação brasileira e o desafio da formação humana no atual cenário histórico



             O artigo proposto é, sobretudo, uma reflexão acerca da educação e seus significados para os dias atuais, onde a tecnologia é a mola propulsora das grandes transformações. É necessário um redimensionamento educacional a partir da construção de uma cidadania significativa para os nossos dias e da contextualização histórica, tornando e educação instrumento mediador da realidade concreta em nossa sociedade brasileira.
Antes de tudo, impõe-se um perceber histórico de nosso tempo com seus desafios. Estamos vivendo, segundo os propagadores de um “novo tempo”, uma “nova ordem mundial”. Porem faz-se necessário uma discussão profunda sobre esse momento histórico, supostamente novo. É verdade que estamos situados em um tempo de profundas transformações, rápidas e imediatas; A tecnologia é marca desse momento. Alem disso estamos inseridos num processo de globalização, traço marcante do neoliberalismo econômico e cultural perpassa nossa sociedade. Estado mínimo, mercado sem fronteiras, exclusão social, são características fundamentais desse período.
No aspecto filosófico estaríamos na pós-modernidade, em uma desconstrução dos discursos da modernidade. O que de fato percebemos é uma consolidação do capitalismo, com exacerbação do individualismo, do produtivismo do consumismo, da indústria cultural, da mercadorizaçao de bens simbólicos, a tecnicizaçao. Estes são elementos da modernidade, que estão sendo apresentados com uma face tecnológica. Por isso mesmo, como pós-modernos.                                                                            
É importante perceber ainda que todos os aspectos apresentados sejam históricos e devem ser situados no contexto em que vivemos, ou seja, no contexto latino-americano e, mais particularmente, no brasileiro. Neste cenário, a globalização tem trazido exacerbadas situações de miséria e de exclusão social.
Quanto ao Brasil à realidade é bem complexa. O IDH brasileiro ocupa 79° entre 174 países avaliados; A uma ma distribuição de renda e consequentemente enorme concentração de renda nas mãos de uma elite econômica minoritária; A exclusão social é enorme, muitas famílias vivem em pobreza extrema; A mortalidade infantil atinge 37 casos por 1000 nascimentos; Trabalho escravo, inclusive com a incidência de trabalho infantil; O analfabetismo insiste em permanecer entre nós: Professores sem formação adequada ainda existem, educação deficitária. Este é o pano de fundo, onde democracia deve assentar-se para ser instrumento transformador, consolidando cidadania, democracia e expansão da cultura simbólica.
Faz-se necessário compreender o ser humano como um “ser em construção” e todos os seus valores, anseios, cultura assim também o são. O construir-se é pratico, por tanto, o que somos hoje depende do que nos construímos historicamente pela práxis. A educação como processo humano também é “construção em processo” ou “processo em construção”.
Devemos considerar ainda o trabalho humano nesse contexto de construção humana, pois por ele o ser humano prover as condições de sua existência. No entanto, as condições da produção precisam ser distribuídas de forma equitativa, para que não produza desigualdade e consequentemente pobreza, desemprego, analfabetismo, ETC...
Esse fazer histórico dar-se coletivamente, pois o ser humano é “sujeito coletivo”. Assim sendo o homem se organiza em sociedades em “cidades” e ai devem viver com normas, regras, direitas e deveres estabelecidos coletivamente, derivado daí, cidadania. É uma forma de distribuir poder democratizar decisões.
Finalmente devemos perceber a vida humana como “intencional”, marcada pela simbolização e construção de cultura. Daí decorre que a pratica produtiva e a pratica política são perpassadas pela pratica de construção simbólica, característica fundamental do ser “pessoa” humana. Ser pessoa é construir continuamente “cultura” e estabelecer relações simbólicas derivadas da cidadania, almejada.
A educação, nesse processo humano, deve ser pratica intencional, portanto política e cultural, que integra o sujeito nas mediações do universo do trabalho, da política e na construção da cultura. Ela deve ser humanizadora.
Para ser humanizadora ela deve buscar relações humanas baseada na construção de uma sociedade onde a cidadania não seja apenas teorias, mas que a dignidade oclusão social, nem da opressão econômica, social e cultural imposta pelo modelo neoliberal que desumaniza o humano.
A educação deve ser instrumento de reflexão acerca da realidade em que estamos inseridos para que possamos redefinir as praticas construtivas do trabalho, da cidadania e da cultura, em praticas de igualdade e busca de uma sociedade justa e igualitária. Ela precisa desmascarar os instrumentos da ideologia opressora que se pensar moderna, é contribuir para o acesso a todos os meios necessários (inclusive tecnológicos) de inclusão social. Ela deve ser, acima de tudo, baluarte das transformações sociais que nosso Brasil requer.
Texto: Luciano Matias Aquino
                                  

Um comentário:

Leidiana Neres disse...

O ponto central de qualquer mudança por mais simples que ela seja é a educação e é lamentável que no nosso país não há interesse nesse ponto, pois o ideal politico é que se tenha pessoas manipuláveis e na opinião deles -os políticos- que tem acesso ao minimo de educação torna-se critico o que não é do interesse deles.Portanto, a educação não tem sido levada a sério.