quinta-feira, 15 de outubro de 2015

DIA DO PROFESSOR – 15 de outubro

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O professor e a arte de humanizar. –  No dia 15 de outubro, no Brasil, comemora-se o dia do professor. Essa imprescindível profissão, que na verdade é uma vocação, navega, atualmente, com ventos desfavoráveis. Não se trata apenas de reconhecer a vergonha da remuneração que a maioria dos educadores recebe por seu trabalho. Esse é apenas um dos sinais visíveis do quanto nossa sociedade precisa crescer para valorizar a educação afetivamente e efetivamente.
 Num mundo em rápidas mudanças somente os países que investem em educação tornam-se protagonistas de uma mudança. É preciso um novo paradigma educacional. O que entendemos por educação? O que esperamos do professor? O quanto confiamos em nossos professores? Como apoiamos uma escola e uma universidade capazes de formar cidadãos e não apenas profissionais? Se um professor propuser uma educação humanista, terá espaço em nossa sociedade?
A escola e a universidade educam, antes de tudo, por meio do contexto de vida, do clima que os estudantes e professores criam entre si, no ambiente em que desenvolvem as atividades de instrução e de aprendizagem. Esse clima é imbuído pelos valores não só informados, mas vividos, pela qualidade dos relacionamentos interpessoais que ligam professores e alunos, pelo cuidado que os professores têm diante das necessidades dos alunos e das exigências da comunidade local, pelo claro testemunho de vida oferecido pelos professores e por todos os funcionários das instituições educativas.
A educação precisa formar homens e mulheres capazes de pensamento crítico, dotados de elevado profissionalismo, mas também de uma humanidade rica e orientada em colocar a própria competência ao serviço do bem comum.
Muitas propostas educativas atuais sublinham a razão instrumental e a competitividade, são portadoras de um conceito puramente funcional da educação, como se ela só tivesse legitimidade ao serviço da economia de mercado e do trabalho. Tudo isso reduz fortemente a visão integral de educação É importante valorizar não só as competências relativas aos âmbitos do saber e do saber fazer, mas também aquelas do viver junto com outros e crescer em humanidade. É preciso trabalhar o saber “ser”.
Nesse sentido, a educação não deveria ceder à lógica tecnocrática e econômica. Não se trata de minimizar as exigências da economia ou a gravidade do desemprego, mas é preciso respeitar os estudantes na sua integralidade, desenvolvendo uma multiplicidade de competências que enriquecem a pessoa humana, a criatividade, a imaginação, a capacidade de assumir responsabilidades, a capacidade de amar o mundo, de cultivar a justiça e a compaixão.
A proposta da educação integral, numa sociedade que muda tão rapidamente, exige uma reflexão contínua. Ainda que seja importante a busca da qualidade e da excelência, nunca se deve esquecer que os estudantes têm necessidades específicas, que muitas vezes vivem situações difíceis e merecem uma atenção pedagógica que esteja atenta às suas exigências.
Ao professor cabe, apesar das dificuldades e resistências, não perder o sonho de uma humanidade nova, pois ao assumir a missão de educar, o ser humano enleva sua capacidade de pensar e construir um mundo melhor. Alguém poderia achar isso utópico e irrealizável, somente quem conhece a força da educação sabe o quanto ela é capaz de construir o imprevisível no serviço do bem comum.
Professor, parabéns pelo empenho cotidiano, nem sempre devidamente reconhecido, mas totalmente indispensável para que um ser humano possa crescer integralmente.
Dom Leomar Brustolin – Bispo auxiliar de Porto Alegre e referencial da Comissão Pastoral para a Cultura e a Educação do Regional Sul 3 da CNBB.

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